Edinaldo Viana * |
O processo de recuperação das pessoas com transtornos mentais em sua maioria pode ser considerado doloroso, tanto para o paciente, quanto para os familiares. O preconceito da população e a utilização de medicamentos fortes podem causar desequilíbrios que afetam o humor dos pacientes, e abre precedentes para a agressividade e desencadeamento de processos depressivos. Experiências que foram aplicadas no Hospital Jurujuba- Niterói- Rio de Janeiro revelam histórias de superação do próprio preconceito que os usuários sentiam de utilizar o serviço de saúde mental. Então, encenar se tornou uma opção que estimula estes pacientes a trabalhar a auto- estima e causa transformações na realidade de vida gerando dignidade e o direito a felicidade.
A Secretaria de Saúde do Tocantins realiza atualmente cerca de uma mil consultas na rede de atenção a saúde mental, isso justifica necessidade do teatro passar a ser inserido nos tratamentos do público que são atendidos nestes centros tocantinenses de atenção psicossocial.
Segundo o criador do Teatro do oprimido, Augusto Boal,falecido em 2009, as técnicas e práticas do teatro podem auxiliar na redução do uso medicamentoso entre estes indivíduos que passam a viver as artes cênicas. Assim, reduzindo as conseqüências no decorrer dos tratamentos destes distúrbios que desequilibram a mente.
Podemos verificar através de visita ao CAPS- Centro de Atenção Psicosocial de Palmas que a questão teatral ainda não faz parte da política de tratamento dos pacientes da capital. Percebemos que as atividades de dança e pintura buscam sanar esta falta que mostra a insuficiência para causar um efeito de reestruturação mental.
O Tocantins ainda não participa do programa de Teatro do Oprimido que recebe patrocínio do Ministério da Saúde que capacita e acompanha os profissionais da saúde mental do SUS nas técnicas teatrais do oprimido que leva a transformação política e uma relação mais humanizada entre pacientes, familiares, profissionais e a sociedade.
O tratamento humanizado nos CAPS tocantinenses no que diz respeito às expressões artísticas teatrais na rede de atenção a saúde mental por enquanto não recebe a devida importância, enquanto o processo da informação sobre o papel destas atividades culturais que são desenvolvidas dentro dos centros, acabam ficando distantes da sociedade, a margem e escondidos nos fundos de um local inapropriado, ou seja, uma residência improvisada que não oferece espaço suficiente para realização de atividades que visam a melhoria desta situação social.
A burocrática enfrentada nos CAPS para adquirir e divulgar o trabalho realizado nestes centros pode ser retratada na sede que funciona na 706 sul, a falta de comunicação somente distancia a sociedade desta realidade do cidadão que sofre destes distúrbios, o município e Estado tem a responsabilidade sobre estes brasileiros e o que vemos é a falta de investimentos, o número de profissionais capacitados também é uma preocupação que afeta ainda mais o estigma e o preconceito sobre a doença mental.
Hoje vemos que em alguns casos a responsabilidade de recuperação pode ficar a cargo de instituições não governamentais que trabalham com os internos. Os métodos religiosos incentivam leitura da bíblia, as rezas e orações e naquele ambiente apagam a condição de usuário incidindo no despreparo no enfrentamento da realidade. Enquanto no teatro ele será estimulado a ser visto como cidadão e feitor de sua própria história. Sobem ao palco para monologar a realidade, e quando percebe que ao ser visto na condição deste sofrimento começa a sentir-se semelhante na diferença. Ou seja, a carência que existe destas metodologias artísticas serão sanadas com a linguagem do teatro proporcionando diálogos que despertarão uma relação mais humanizada entre médico, paciente e família.
*Estudante de comunicação Social da Universidade Federal do Tocantins e Professor de teatro
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