Reportagem: Luiz Cláudio Santana Duarte
De uma forma ou de outra, quase todos que fazem uso de drogas adquirem seqüelas, variando de acordo com a droga utilizada e o tempo de uso.
Segundo o Dr. Lincoln Almeida, psiquiatra e Diretor do Centro de Atenção Psicossocial de Palmas, as seqüelas mais ligadas à saúde física são particulares a cada tipo de droga e ao tempo de uso; já as seqüelas pessoais, aflitivas, familiares e de desestruturação social, apresentam características comuns a todos os usuários.
Para ele, o fato de uma droga ser considerada mais leve que outra, não significa que ela trará menos conseqüências, depende muito da particularidade de cada usuário e da freqüência com que se faz uso.
Ele cita uma pesquisa da revista “The Lancet”, uma das mais importantes publicações científicas do Reino Unido, que lista em ordem decrescente as onze drogas com maior potencial de danos para o organismo. Segundo a publicação, a primeira e mais prejudicial é a heroína, o álcool é o quinto colocado, o tabaco o nono, e a maconha vem em décimo primeiro lugar. Porém, o psiquiatra alerta, que não se pode levar em conta a pesquisa de forma isolada e generalizada, já que cada usuário tem uma sensibilidade, um organismo, e um metabolismo individualizado.
“Pode um usuário contínuo de maconha desenvolver em longo prazo sérios problemas de raciocínio, memória, concentração, atenção, e orientação, apresentando quadro muito parecido com o de um paciente demenciável, completamente alheio à realidade”, acrescenta.
O médico afirma que é possível determinar que algumas complicações da saúde decorrem do uso de drogas quando essa correlação é direta, como quando se contrai hepatites virais ou HIV através da troca de seringas contaminadas, ou ainda ao adquirir uma pneumonite química após o uso de crack durante vários dias. Já em outros casos não tão evidentes é complicado afirmar, embora possa existir essa correlação, acrescenta.
O Diretor do CAPS informou que a rede pública tem implementado políticas voltadas para o combate às drogas, mas que ainda é muito pouco para atender a quem precisa. Acredita que os profissionais estão preparados para esse atendimento, embora o contingente de sequelados cresça continuamente.
Dr. Lincoln Almeida – Diretor do CAPS Foto: Luiz Cláudio |
Alertou também, que os pacientes nem sempre assumem sua condição de sequelados pelo uso de drogas; que assim que melhoram é comum recaírem por se acharem saudáveis e se exporem a situações de risco. E frisou a importância do paciente se cuidar continuamente.
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