O aumento do consumo e conseqüentemente da comercialização de crack no Tocantins, como reflexo de uma tendência nacional, já estampa a capa de jornais há um bom tempo e a principal arma de combate a esse mal social é a educação.
Palmas, como centenas de outras cidades espalhadas pelo Brasil, é beneficiada por um programa voltado para a prevenção às drogas dentro das escolas, trata-se do Programa Nacional de Resistência às Drogas e a Violência – PROERD, que consiste em uma ação conjunta entra a Policia Militar do Estado do Tocantins e as escolas, onde o policial recebe capacitação para prevenir os alunos de entrarem no mundo das drogas através de palestras ministradas em sala de aula. No final de cada semestre na conclusão do curso as crianças elaboram uma redação sobre o que aprenderam com o programa e recebem o certificado PROERD, ocasião que prestam o compromisso de manterem-se longe das drogas e da violência. Dados da PROERD revelam que no estado do Tocantins mais de 22.000 crianças já foram instruídas pelo programa.
Segundo a Coordenadora Pedagógica da Escola Municipal Vinicius de Moraes, Marinélia Maciel, este ano, o curso teve inicio em 15 de setembro e dura quatro meses. “O objetivo dessa parceria é mostrar aos alunos como reconhecer pressões que possam surgir como influência de forma negativa no caso de uso de drogas e prática de violência como o bullying, criando habilidades como forma de resistência”.
“A gente aprende que não pode brigar e a dizer não às drogas e também a não praticar o bullying”, afirma a aluna Maria Eduarda Soares, 10 anos. Já a estudante Karen Hellen Castro, 10 anos, diz que se sente preparada para dizer não caso alguém venha a oferecer alguma droga, pois o instrutor fala sobre as conseqüências do uso da maconha, do crack, dos inalantes, até mesmo da cerveja e do cigarro.
Para Lucas Vinicius Miller, 10 anos, “Se caso alguém me oferecer algum tipo de droga como a maconha, o crack ou a cocaína e quiser me obrigar a ter que usar a droga eu vou dizer que a minha saúde é mais importante”.
Um policiamento ostensivo e um programa de saúde voltado para tratar de viciados em crack são medidas governamentais de suma importância no combate à droga, mas que não podem ser adotadas como forma principal na luta contra as drogas. O combate mais efetivo não se dá no policiamento nem nos programas de recuperação, mas sim numa metodologia de diálogo educativo contínuo dentro das escolas desde a educação infantil e também em casa com o aconselhamento dos pais. Ou seja, a principal arma contra qualquer tipo de droga é a educação.
O coordenador do Colégio Dom Bosco em Palmas Celso Lobo, afirma que a orientação dada às crianças e adolescentes deve ser feita em conjunto entre a escola e os pais. “Os pais não podem simplesmente omitir esse tema em casa, a melhor forma de tratar o assunto é com um diálogo sincero dentro de casa, pois de nada adianta a criança receber essa orientação apenas na escola”.
Celso afirma ainda que é papel muito importante da coordenação das escolas, instruírem os professores a tratar do assunto com seus alunos, “deve ser um planejamento integrado entre a direção e os professores e esse tema tem que constar no plano pedagógico de cada escola”.
A aluna de Ensino médio Cristyne Pereira, 18 anos, conta que os fatores que atraem vários jovens ao uso de drogas são inúmeros, mas que esses fatores devem ser expostos em sala de aula. “Alguns amigos meus infelizmente já utilizaram drogas, acho que mais pela curiosidade. Acho que se a escola e os pais mostrarem desde cedo que é um caminho ruim muita gente não começaria a usar”, afirma.
Programas como o PROERD, presente no Tocantins desde 2002 e que já atua em cerca de duzentas e cinqüenta escolas, representam uma iniciativa de tentar frear o aumento do uso das drogas, em especial o crack e o oxi, drogas de devastação física, psicológica e social quase irreversíveis.
Ammy Silva Brito
ammy_silva@hotmail.com
Christopher Gama
campaixao@hotmail.com
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