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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Mãe Ana


“Viadante! Nesta cova repousa Mãe Ana.
Silêncio! Não lhe perturbe o sono!

            Em Natividade todos conhecem e cultuam a “lenda” de Mãe Ana. É uma história passada para as gerações contemporâneas através da tradição oral que foi registrada por Maximiano da Matta Teixeira no livro Outras Estórias de Goiás, Lendas, Terra, Gente, em 1983 pela Unigraf.
            Mãe Ana era uma negra, alta, seu porte fidalgo atestava a nobreza de sua origem, princesa feita prisioneira em lutas tribais no Sudão, tendo sido trazida como escrava para o Brasil. De Salvador veio para natividade ser ama. Enviuvou-se, seus filhos morreram e sua sinhá ao sentir que ela já estava perto da morte resolveu alforriá-la.
            Mãe Ana ajudava as pessoas, sobretudo os negros, porém, sua popularidade crescia muito e isso incomodava bastante. Foi o quanto bastou para q ela passasse a ser considerada perigo social. Nas festividades de São Benedito, depois da ladainha e do terço, ao ouvir a oração de são Benedito. 

“Glorioso são Benedito,
escravo de nosso Sinhô.
óia para este povo aflito,
seja dele o salvadô”

            Os senhores de escravo passaram a considerá-la como perigosa. Mãe Ana desapareceu, depois de dias a confirmação de sua morte, seu corpo foi encontrado intacto com apenas uma mancha vermelha no coração, nenhum bicho tinha mexido em seu cadáver. Mãe Ana sempre dizia que quando morresse, queria ser enterrada no bosque em que vivia, em sepultura rasa e envolvida em um lençol.
            Reza a lenda que uma vez tentaram destruir o túmulo de Mãe Ana para construir uma estrada, mas quando chegavam perto da sepultura o trator parava e ouviam-se vozes, os trabalhadores saiam correndo de medo. A sepultura da lenda é a memória viva do povo que tem o costume de levar ramos de flores silvestres, principalmente os de alecrim, as preferidas de Mãe Ana. E são abençoados por isso!

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