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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Hoje tem paredão... Tem sim senhor!

Cláudio Duarte - AGEX
          A divulgação da folha de pagamentos do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro revelando que em dezembro de 2010 o mais abastado dos desembargadores recebeu 511.739,23 reais deixou muito brasileiro indignado.
          Repercutiu mal. Saiu em quase todos os jornais, revistas, e nos sites e blogs da Internet. Mas, não foi mais comentado do que a volta da adolescente Luiza do Canadá, o sucesso da música de Michel Teló na Europa, ou o paredão da semana no BBB.
          Será que esses casos escabrosos tem se repetido tanto, que cansamos de nos indignar e agora preferimos comentar sobre vídeos do You Tube, virais da Internet e as eliminações nos reality shows?
          Nos últimos anos há centenas de casos envolvendo supostos desvios de juízes, entre eles, vendas de sentenças, grilagens de terras e suspeitas de favorecimentos nas liberações de precatórios.
          Em 2010, a presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins, Willamara Leila, o vice-presidente Carlos Souza, e o desembargador Liberato Póvoa, foram afastados por suspeita de participação em um esquema de vendas de sentenças e de manipulação de autorizações para o pagamento de precatórios.
          Na Paraíba, associações de mulheres de desembargadores exploraram diversos serviços, como estacionamento e fotocópias, dentro do prédio do Tribunal de Justiça.
          No Ceará, a Justiça local contratou advogados para trabalharem no TJ. É como ter agentes interessados em casos de seus clientes diretamente vinculados a quem vai julgá-los.
          No Pará, o Conselho Nacional de Justiça identificou sorteios direcionados de juízes para decidir casos. Num desses sorteios, participou um único desembargador.
          No Maranhão, sete juízes de São Luís foram afastados após o Conselho verificar que eles estavam liberando altas somas em dinheiro através da concessão de liminares em ações de indenização por dano moral.
         No Mato Grosso, dez juízes foram aposentados compulsoriamente pelo CNJ, após acusação de desvio de R$ 1,5 milhão do TJ para cobrir prejuízos de uma loja maçônica.
         Um sistema de empréstimos contraídos por magistrados do Distrito Federal levou o CNJ a abrir investigação contra a Associação dos Juízes Federais da 1ª Região. De acordo com as denúncias, um magistrado da Associação usava o nome de outros juízes para fazer empréstimos bancários para a entidade. Sem saber, muitos juízes se endividaram em centenas de milhares de reais.
         Entre abril de 2008 até dezembro de 2010, o Conselho condenou juízes em 45 oportunidades. Em 21 deles, foi aplicada a pena máxima: o juiz é aposentado, mas recebe salário integral. Ao invés de punir, premia-se. E ainda há quem queira coibir o CNJ de agir diante de notificações de desvios de magistrados.
        Talvez por isso, mesmo com muitas teses a respeito da insignificância do BBB, tanta gente ainda participe das votações dos reality shows, assim tem-se a sensação de que em algum momento se é juíz.
        Em algum lugar do Brasil, nesse momento, algum juiz ou desembargador pode estar cometendo algum deslize.
       Talvez ninguém comente. Nem saia nos jornais.
       Mas pouco importa. Afinal, nesta semana Ronaldo é o anjo e a liderança está com Laísa. Vamos aguardar o próximo paredão e com uma simples ligação seremos juízes novamente. Afinal, não somos todos iguais?


Maiores informações através do telefone da redação (063) 3232.8185.


Luiz Cláudio Santana Duarte 
E-mail: cdsantd@bol.com.br  /  (63) 9247-1798

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